sábado, 19 de outubro de 2013

Leva-me, Cigano

Dança, cigano... Dança,
Gira teu corpo sob o luar.
Danças ao som das guitarras,
Ardente furacão.

Mistérios do Oriente
em teu negro olhar reluz.
Olhar que envolve,
Prende... Enreda...
Seduz.


Baila, cigano. baila...
Baila ao redor do fogo.
Teu dançar, envolvente jogo,
De fortes passos. Clamor. 
Amor. sedução.

Minha vida não é mais minha.
Ela está em tuas mãos, em  tua  palma.
Meu coração já não é também mais meu.
Está entranhado em teu ardor.
Em tua alma.

A noite chega e inquieto, eu fico.
Inquieto fico por ti, oh meu cigano.
Em meus sonhos, tua imagem reflete
E envolvido em meu delírio,
Por teu nome, eu chamo.


Leva-me, amado cigano.

Conduza-me como o vento.
Conforta-me em teu terno abraço,
Pois só em ti eu encontro meu alento.



terça-feira, 16 de julho de 2013

(Im)Perfeita

Tal como a música diz "Saiba que é perfeito, pra mim". E ela sempre se questionava "Perfeito? Perfeito para quem?".

Ela não se considerava perfeita. Sob nenhum aspecto. Mas é claro, ninguém precisava saber o quão assombradas eram suas lembranças. Ninguém precisava saber que ela não gostava do que via no espelho todas as manhãs quando acordava - e que só se gostava quando se munia de seu "disfarce" (sombras, um batom claro, olhos delineados sempre marcantes e saltos altos). 

Ela nunca se gostara de verdade. Mas é claro, ninguém precisava saber disso. Ninguém precisava saber que, entre dez elogios e três críticas, ela só ouvia as críticas (e se ressentia). Ninguém precisava saber que ela sempre insistia em mudar os cabelos " naturalmente angelicais" para uma "cascata lisa e dourada". Tudo por culpa de seus "demônios passados" e que ainda a atormentam, apagando o brilho nas esmeraldas tão belas.

Ninguém precisava saber também que ela se escondia. Se escondia de si mesma, do que realmente era. Da beleza que naturalmente tinha, mas que não aceitava. De sua verdadeira perfeição, mas que insistia em manter as (im)perfeições.