sexta-feira, 9 de janeiro de 2015

Noite da Virada

Faltavam dois dias para a virada do ano. E o que ela decidiu fazer? 

Trancar-se no quarto e chorar. Mas não chorar, limpar o rosto e depois sair com um sorriso e dizer que está tudo bem quando seus olhos inchados e vermelhos a delatavam completamente. 

Ela se trancou no quarto, colocou a música que fazia com que seu coração apertasse contra o próprio peito, sentou-se na cadeira em frente a escrivaninha E chorou. Libertou todas as lágrimas que havia trancado dentro da própria alma. Chorou com vontade, até o corpo sacudir e tremer com a intensidade de seus soluços. Chorou de tristeza, angústia, raiva, mágoa... Tudo aquilo que prendera durante muito tempo dentro do coração e que já não estava mais conseguindo controlar.

Mas o mais importante: Ela chorou, pois finalmente viu que já passara da hora de se livrar de todos aqueles demônios que a atormentaram durante grande parte da própria vida. Que a insegurança e o medo a estavam privando de sentir. Que ela mesma estava se privando de viver. 

Que aquelas lágrimas significavam o adeus definitivo de tudo o que havia de ruim dentro dela mesma.

Quando finalmente tomara o controle de suas lágrimas, ela abriu a janela e viu o sol se pondo lentamente no horizonte. E diante daquela visão tão linda, ela fez uma promessa para sim mesma. Em silêncio, pois o que ela pensava não precisava dividir com ninguém exceto para si. Ela prometeu que no novo ano que se acervava, ela pensaria diferente. Agiria diferente. Seria diferente. E para melhor. 

Na noite da virada, ela vestiu-se de vermelho - Cor que decidira adotar como sua, além das outras duas que tanto gostava. Deixou os cabelos dourados soltos e livres. E o sorriso? Sim, ele voltou a aparecer.

Nessa noite, enquanto olhava para o céu em meio aos fogos coloridos, ela pensou 

"Este ano será diferente. Eu serei diferente... Tudo dará certo. Tudo ficará bem. Pode não ser de imediato, mas será. E se eu cair, irei me levantar. Chega de desistir, chega de somente sonhar. Está na hora de fazer acontecer, de realizar."

sexta-feira, 21 de novembro de 2014

Ela teme sorrir... Teme o coração a palpitar... Teme o olhar a brilhar... Teme amar...

Ela está se fechando. De novo e cada vez mais.  Aprisionada em seus próprios medos....

Sim. Ela tem medo...

Ela tem medo de sorrir. Vergonha de rir. Não se acha digna de tal. 

Ela teme a felicidade... Pois não se vê mais feliz. Não se imagina feliz. Já não sorri mais como antigamente, e se sorri, é um sorriso muitas vezes forçado.

Ela teme o amor...  Se apavora ao mínimo pulsar agitado de seu coração quando bate. Ela se assusta ao ver os olhos brilhando no espelho. Desconfia do que acontece enquanto colore os lábios de um tom escuro de vermelho.

Ela teme sorrir... Teme o coração a palpitar... Teme o olhar a brilhar... Teme amar... 

Para ela, o amor é passageiro... Assim como todos os amores que ela tivera... Amores, que se converteram em mágoas e dores... Dores que vem como fantasmas, que assombram sua vida e tomam dela as cores.

Ela teme sorrir... Teme o coração a palpitar... Teme o olhar a brilhar... Teme amar... E no que teme, também começa a se culpar. 

"Eu não mereço... Não sou digna" e fica com estas palavras, a murmurar.

Ela teme sorrir... Teme o coração a palpitar... Teme o olhar a brilhar... Teme amar... 

E em seu temor, insiste em se sufocar... Se aprisionar...

sábado, 19 de outubro de 2013

Leva-me, Cigano

Dança, cigano... Dança,
Gira teu corpo sob o luar.
Danças ao som das guitarras,
Ardente furacão.

Mistérios do Oriente
em teu negro olhar reluz.
Olhar que envolve,
Prende... Enreda...
Seduz.


Baila, cigano. baila...
Baila ao redor do fogo.
Teu dançar, envolvente jogo,
De fortes passos. Clamor. 
Amor. sedução.

Minha vida não é mais minha.
Ela está em tuas mãos, em  tua  palma.
Meu coração já não é também mais meu.
Está entranhado em teu ardor.
Em tua alma.

A noite chega e inquieto, eu fico.
Inquieto fico por ti, oh meu cigano.
Em meus sonhos, tua imagem reflete
E envolvido em meu delírio,
Por teu nome, eu chamo.


Leva-me, amado cigano.

Conduza-me como o vento.
Conforta-me em teu terno abraço,
Pois só em ti eu encontro meu alento.



terça-feira, 16 de julho de 2013

(Im)Perfeita

Tal como a música diz "Saiba que é perfeito, pra mim". E ela sempre se questionava "Perfeito? Perfeito para quem?".

Ela não se considerava perfeita. Sob nenhum aspecto. Mas é claro, ninguém precisava saber o quão assombradas eram suas lembranças. Ninguém precisava saber que ela não gostava do que via no espelho todas as manhãs quando acordava - e que só se gostava quando se munia de seu "disfarce" (sombras, um batom claro, olhos delineados sempre marcantes e saltos altos). 

Ela nunca se gostara de verdade. Mas é claro, ninguém precisava saber disso. Ninguém precisava saber que, entre dez elogios e três críticas, ela só ouvia as críticas (e se ressentia). Ninguém precisava saber que ela sempre insistia em mudar os cabelos " naturalmente angelicais" para uma "cascata lisa e dourada". Tudo por culpa de seus "demônios passados" e que ainda a atormentam, apagando o brilho nas esmeraldas tão belas.

Ninguém precisava saber também que ela se escondia. Se escondia de si mesma, do que realmente era. Da beleza que naturalmente tinha, mas que não aceitava. De sua verdadeira perfeição, mas que insistia em manter as (im)perfeições.

sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

Como Diamantes No Céu


Como a música mesmo diz "você é belo como os diamantes no céu". Mas sinceramente? Você, meu diamante particular, é ainda mais belo e mais brilhante aqui na Terra. E melhor: Aqui na terra e ao meu lado. Pois as suas cores e seu brilho refletem em mim, em minha alma. Em meu estado de espírito. 

Tal qual um espelho. 

Mesmo que eu não ponha em palavras, em meu sorriso e em meus olhos,  é visível a gratidão que sinto por te ter ao meu lado. 

Posso te fazer um pedido? Jamais permita que a vida de matizes cinzentas apaguem teu brilho e escureça tuas vívidas e lindas cores, porque são elas que te fazem único, belo. 

Eterno.

Brilhe. 
Brilhe como o astro-rei. Altivo, iridescente. Soberano. 
Brilhe mais que as estrelas do Universo.

E sempre que quiseres... Brilhe para mim.
Somente para mim

terça-feira, 11 de dezembro de 2012

Seven Sins - IV

Hoje é aquele típico dia em que a preguiça toma conta de mim. De meu corpo, alma, coração e espírito. 


Por hoje... E somente por hoje, não quero pensar em nada. Apenas sentir e desfrutar desta doce e suave letargia que me entorpece os sentidos, me deixando propensa a adormecer em sonhos tingidos de azul, a flutuar como a brisa etérea de uma noite de verão. 


Por hoje... E somente por hoje, não quero sentir nada. Nenhum ódio ou rancor ou mágoa. Apenas quero deixar meu coração e minha alma adormecerem, doces e serenos ao som de uma canção ao soar da madrugada.


Hoje, e somente hoje... Quero apenas sobrevoar 
em meu mundo de sonhos, tingidos de azul.
Onde a madrugada vem acompanhada de uma doce canção,
A brisa soprando em meus cabelos.

E por hoje... Somente por hoje
Envolver-me nesta doce e preguiçosa sensação
Deixar-me entorpecer e adormecer nos cálidos braços da  noite. 

sexta-feira, 19 de outubro de 2012

Seven Sins - III

"Fale, mágico espelho meu... Quem é mais bela do que eu?"

A resposta não é óbvia, oh Rainha? És tu... Única e exclusivamente. Não há ninguém, oh soberana, que a ti possa superar. Nem mesmo a mais bela das donzelas é capaz de despertar ou ultrapassar o encanto, o magnetismo que somente tu, grandiosa comandante, possui.

Sim, oh magnânima... Somente tu podes usar esta coroa de reluzentes diamantes roxos. Somente tu possuis tamanho poder para comandar este reino inteiro. Somente tu é capaz de despertar admiração naqueles que te veneram e temor naqueles que querem ser como és, mas que jamais conseguirão.

E se perguntares, jamais hesitarei em dizer que és tu, oh minha Rainha... Tu és sim, a mais bela.

Amada.

Respeitada.

Admirada

Temida.

Envaidecida.

Sim. Aquela rainha era vaidosa. E seu amado espelho fazia questão de lhe enaltecer a todo o momento que lhe perguntava.





Aquela rainha, por sua vaidade, se engrandeceu.

Aquela rainha, por sua vaidade, resplandeceu.

E foi a vaidade daquela rainha que seu reino foi à ruína.





A rainha morreu... Mas morreu bela
Por sua vaidade.