Trancar-se no quarto e chorar. Mas não chorar, limpar o rosto e depois sair com um sorriso e dizer que está tudo bem quando seus olhos inchados e vermelhos a delatavam completamente.
Ela se trancou no quarto, colocou a música que fazia com que seu coração apertasse contra o próprio peito, sentou-se na cadeira em frente a escrivaninha E chorou. Libertou todas as lágrimas que havia trancado dentro da própria alma. Chorou com vontade, até o corpo sacudir e tremer com a intensidade de seus soluços. Chorou de tristeza, angústia, raiva, mágoa... Tudo aquilo que prendera durante muito tempo dentro do coração e que já não estava mais conseguindo controlar.
Mas o mais importante: Ela chorou, pois finalmente viu que já passara da hora de se livrar de todos aqueles demônios que a atormentaram durante grande parte da própria vida. Que a insegurança e o medo a estavam privando de sentir. Que ela mesma estava se privando de viver.
Que aquelas lágrimas significavam o adeus definitivo de tudo o que havia de ruim dentro dela mesma.
Quando finalmente tomara o controle de suas lágrimas, ela abriu a janela e viu o sol se pondo lentamente no horizonte. E diante daquela visão tão linda, ela fez uma promessa para sim mesma. Em silêncio, pois o que ela pensava não precisava dividir com ninguém exceto para si. Ela prometeu que no novo ano que se acervava, ela pensaria diferente. Agiria diferente. Seria diferente. E para melhor.
Na noite da virada, ela vestiu-se de vermelho - Cor que decidira adotar como sua, além das outras duas que tanto gostava. Deixou os cabelos dourados soltos e livres. E o sorriso? Sim, ele voltou a aparecer.
Nessa noite, enquanto olhava para o céu em meio aos fogos coloridos, ela pensou
"Este ano será diferente. Eu serei diferente... Tudo dará certo. Tudo ficará bem. Pode não ser de imediato, mas será. E se eu cair, irei me levantar. Chega de desistir, chega de somente sonhar. Está na hora de fazer acontecer, de realizar."
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